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Nos últimos anos, os remakes se tornaram uma ponte poderosa entre gerações de jogadores. Mais do que os gráficos renovados, eles oferecem uma chance de reviver clássicos com um novo fôlego, respeitando suas raízes e emoções originais. Para os veteranos, é uma oportunidade de reencontrar títulos marcantes com olhos mais maduros e tecnologia de ponta. Para os novos jogadores, é uma chance de conhecer experiências consagradas que moldaram a história dos videogames. Neste artigo, vamos explorar como alguns remakes do universo PlayStation Sim não apenas manter a alma dos jogos originais, mas também elevar sua qualidade, seja com melhorias gráficas, mecânicas mais fluidas ou ambientações ainda mais imersivas, provando que reviver o passado pode ser tão empolgante quanto experimentar algo inédito.
O que é um remake — e o que o torna respeitoso?
Antes de tudo, é importante diferenciar dois conceitos que costumam ser confundidos: remake e remaster. O remake é uma continuação completa do jogo, feita do zero, utilizando tecnologias modernas e, muitas vezes, adaptando certos elementos da obra original para atender às expectativas atuais. Já o remaster é uma atualização mais superficial, focada em melhorias gráficas, sonoras e de performance, mas mantendo a base do jogo original praticamente intacta. Ambos têm seu valor, mas o remake exige um trabalho mais minucioso, quase artesanal, para equilibrar nostalgia e inovação.
Para que um remake realmente honre o passado e conquiste novos públicos, ele precisa seguir três pilares fundamentais:
Manter a essência do original: isso inclui preservar o enredo central, os personagens e o sentimento que o jogo transmite, garantindo que a experiência emocional permaneça familiar para os fãs antigos;
Respeitar a direção artística e narrativa: mesmo com avanços identidade gráfica, é essencial manter o visual e o estilo narrativo que trouxe o jogo marcante, adaptando-os com sensibilidade e sem descaracterização;
Trazer melhorias significativas que atualizam a jogabilidade: sistemas antigos de controle, câmera ou movimento podem ser reestruturados para oferecer uma experiência mais fluida e responsiva, sem comprometer o espírito do jogo.
Quando essas diretrizes são seguidas com cuidado e respeito, o resultado costuma ser algo coincidente, uma verdadeira celebração da história dos videogames. Agora, vamos aos exemplos que conseguem atingir esse equilíbrio com maestria.
Shadow of the Colossus (Remake – PS4, 2018)

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O clássico do PS2 Shadow of the Colossus ganhou um remake digno de aplausos pelas mãos talentosas da Bluepoint Games. Lançado originalmente em 2005 e reconstruído em 2018 para o PlayStation 4, o jogo foi mais do que apenas atualizado, ele foi revivido com um cuidado quase reverencial. Cada colosso, cada cenário vasto e cada pequeno detalhe visual foi meticulosamente reconstruído, preservando não apenas a estrutura do jogo, mas também a sua alma. A ambientação desolada e misteriosa, que sempre foi uma das marcas registradas da obra de Fumito Ueda, continua presente, agora potencializada pelos recursos visuais modernos.
Por que esse remake o original com maestria:
Atmosfera e silêncio preservados: o jogo mantém o tom contemplativo e minimalista que o consagrou. Em vez de preencher os espaços vazios com música constante ou diálogos desnecessários, o silêncio permanece como um elemento narrativo poderoso, convidando o jogador à introspecção e ao mistério.
Controles modernizados com respeito: a jogabilidade, que no original era considerada por muitos como um pouco travada, foi reformulada de maneira sutil, tornando os controles mais fluidos e acessíveis, mas sem eliminar a sensação de peso e tensão ao escalar colossos ou realizar manobras críticas. A dificuldade continua desafiadora, exigindo atenção, estratégia e paciência.
Visual que impressiona até hoje: com texturas em alta definição, efeitos de iluminação espetaculares e animações realizadas, o remake impressiona até mesmo jogadores experientes com os visuais da nova geração. Ainda assim, nada disso interfere no espírito artístico do original. A identidade estética, melancólica e épica, permanece intacta, apenas renovada com as possibilidades técnicas contemporâneas.
O remake de Shadow of the Colossus é um exemplo claro de como é possível atualizar um clássico com reverência, sem diluir sua essência. Ao respeitar o ritmo, a ambientação e a filosofia original do jogo, a Bluepoint entregou uma obra que emociona tanto os veteranos quanto os novatos no universo do PlayStation.
Demon's Souls (Remake – PS5, 2020)

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O jogo que lançou as bases do subgênero Soulslike recebeu uma reimaginação poderosa com o remake de Demon's Souls para o PlayStation 5. Lançado originalmente em 2009 para PS3, o título marcou a estreia da FromSoftware em um estilo de design brutal, punitivo e recompensador profundamentedor, fórmula que viria a influenciar uma geração inteira de jogos. Quando a responsabilidade de reconstruir esse marco recai novamente sobre a Bluepoint Games, muitos temeram que o charme e a tensão do original foram diluídos em nome da modernidade. Felizmente, o estúdio apresentou mais uma vez sua maestria, entregando uma experiência que respeita as origens e, ao mesmo tempo, celebra as capacidades técnicas do novo hardware.
Destaques que mostram como o remake de honra do passado:
Estética sombria elevada à nova geração: os ambientes opressivos e decadentes de Boletaria ganharam uma nova vida com texturas ultra especiais, iluminação volumétrica e efeitos de partículas impressionantes. Tudo foi recriado com um cuidado quase artesanal, preservando o clima sombrio e desesperador do jogo original, mas agora com um impacto visual realmente arrebatador.
Jogabilidade fluida e menus retrabalhados: os comandos foram polidos e adaptados para proporcionar maior responsividade, respeitando o ritmo metódico e estratégico da franquia. Os menus, antes confusos para muitos jogadores, foram redesenhados de forma intuitiva, mas sem abrir mão das mecânicas clássicas. O desafio continua intacto — cada combate ainda exige precisão, sangue frio e domínio total do personagem.
Trilha sonora e efeitos sonoros refeitos com fidelidade emocional: a nova trilha orquestrada amplia a sensação épica e solene do jogo, sem apagar a atmosfera sufocante que o tornou cultuado. Os efeitos sonoros foram atualizados com um realismo assustador, tornando cada golpe, cada sussurro nos corredores escuros e cada passo em direção ao desconhecido ainda mais impactantes.
O remake de Demon's Souls não apenas reintroduziu uma lenda para uma nova geração de jogadores, mas também reafirmou o potencial dos remakes como obras que celebram o passado com as ferramentas do presente. Ao equilibrar reverência e inovação, a Bluepoint entregou mais uma carta de amor aos fãs do legado PlayStation.
The Last of Us Parte I (Remake – PS5, 2022)
Esse remake causou polêmica: seria necessário tão pouco tempo depois do lançamento original? Mas a resposta veio com a qualidade: sim, vale a pena.
O que fez a diferença:
Visual refeito com base no motor gráfico de The Last of Us Part II.
IA dos inimigos e melhorada, oferecendo mais realismo.
Sem mudar uma vírgula do roteiro, trouxe nova vida à já poderosa narrativa de Joel e Ellie.
Outros remakes que merecem menção
Além dos gigantes acima, outros títulos também marcaram presença com respeito ao passado
Os remakes de sucesso não se limitaram aos exclusivos da casa PlayStation. Grandes franquias multiplataforma também trouxeram verdadeiras lições de como revisitar o passado com criatividade e respeito. Dois exemplos merecem destaque especial:
Resident Evil 2 Remake
Lançado pela Capcom em 2019, este remake elevou o padrão de como reviver um clássico. O original de 1998 foi reinventado com a RE Engine, e o resultado foi uma experiência moderna, intensa e assustadora, que ainda carrega a alma do survival horror dos anos 90.
Narrativa reestruturada com literatura cinematográfica: diálogos, expressões musicais e a progressão da história ganharam mais profundidade emocional, sem apagar o charme B-movie que os fãs adoram.
Mudança de perspectiva com propósito: a câmera fixa foi substituída por uma visão sobre o ombro que aumentou a tensão sem sacrificar o clima claustrofóbico do original.
Respeito às raízes com liberdade criativa: cenários icônicos como a delegacia foram redesenhados com fidelidade visual, ao mesmo tempo em que ganharam novas surpresas e desafios.
Final Fantasy VII Remake
Com uma proposta bem mais ousada, a Square Enix transformou o clássico de 1997 em uma experiência moderna e expansiva. Mais do que um remake tradicional, a versão novggfa de FFVII é quase uma reinterpretação que assume riscos, reinventa e, ainda assim, emociona como antes.
Personagens mais vivos do que nunca: Cloud, Tifa, Barret e Aerith ganharam camadas mais complexas, diálogos ricos e atuações marcantes que aprofundaram seus laços emocionais com o jogador.
Combate reinventado com equilíbrio entre ação e estratégia: o novo sistema híbrido agradou tanto veteranos quanto novatos, mantendo o espírito dos turnos com uma pegada contemporânea e dinâmica.
Expansão do universo sem perder a alma: mesmo com mudanças narrativas importantes (e polêmicas), o remake respeitando o material original e construindo algo novo em cima dele, criando expectativa para os próximos capítulos da trilogia.
Ambos os remakes mostram que, quando há visão criativa aliada ao respeito pelo legado, é possível reconectar velhos fãs e conquistar novos públicos. O passado continua vivo, pulsando com força nas mãos da nova geração de jogadores.
Conclusão
Fazer um remake é como restaurar uma obra de arte: exige técnica, respeito e paixão. Quando bem executados, eles não apenas prestam homenagem aos jogos que marcaram época, mas também apresentam essas joias para as novas gerações com a qualidade e o impacto que merecem.
No universo PlayStation, títulos como Shadow of the Colossus, Demon's Souls e The Last of Us Part I são exemplos claros de que é possível manter a essência do passado enquanto se atualiza tudo ao redor, visual, jogabilidade e narrativa. Esses remakes não se contentaram em apenas repetir fórmulas: eles aprofundaram a experiência original, tornando cada momento ainda mais imersivo, emocional e relevante.
Mais do que nostalgia, os remakes se tornaram uma ponte viva entre tempos e públicos distintos. Eles mostram que o passado não precisa ser esquecido, ele pode, e deve, ser comemorado com os recursos do presente. Quando esse equilíbrio é alcançado, o que temos não é apenas um jogo refeito, mas uma nova obra-prima que ecoa tanto nas memórias quanto nos corações de quem joga hoje.